Já fazia algum tempo que Maxwell andava chateado. Desde criança viviam dizendo para ele pular. Os tapas na cabeça eram frequentes. Dizem que um dia foi rico. Mulheres, carros, hiátes, drogas, peças de teatro, viagens pelo mundo. Hoje em dia vive por aí, vagando, com uma garrafa de grapa nas mãos e uma camiseta de um candidato eleito - amigo de infância dizem uns. Parece que é louco... dizem que matou sua família inteira a marteladas mas foi inocentado por comprovar insanidade mental. Gastou quase toda sua fortuna pagando os melhores advogados do país e o resto despejou na campanha eleitoral de um amigo. Parece que é aquele da camiseta, mas ninguém leva muita fé, afinal quem acredita num mendigo bêbado. De tempo pra cá Maxwell parou de acreditar nos sóbrios. Quase cego, só acredita no seu cachorro, o Morsa. Continuou pulando quando ordenado, mas agora decidiu parar com essa besteira. Não precisa mais disso pra chamar a atenção, está velho demais para isso, quer só descansar em paz. Outro dia quase apanhou de uns garotos que voltavam de uma festa. Quando eles gritaram - pula Maxwell - ele se deitou no chão agarrado ao Morsa e ficou ali, ouvindo os xingamentos dos garotos, que inconformados exigiam alguma reação de Maxwell. Virou sua marca. Sempre que pediam para ele pular, ele se deitava junto ao Morsa, até que um dia encheu o saco. Vinha caminhando normalmente, acompanhado da sua grapa e do seu cusco, quando começou a algazarra na esquina. Assalto a banco. Os assaltantes saíram atirando de dentro do banco, os policiais se escondendo, atirando, chamando reforço e Maxwell caminhando, tudo aquilo parecia rotineiro. Um casal de namorados avistou Maxwell e apavorados começaram a gritar - Pula Maxwell! Pula! Maxwell não pulou, nem deitou. Não parou, nem voltou. Não continou.
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